domingo, 17 de agosto de 2008

Um dia de campanha com a Soninha












“Chove a cântaros”. Toda boa paulista se expressa assim quando chove forte sem parar e essa foi a expressão que me pegou de surpresa na sexta-feira, 8 de agosto, deste ano de 2008, quando cheguei a São Paulo em busca de carona nas “emoções” de um dia de campanha da nossa candidata à prefeita da capital do mais rico estado do Brasil, que está entre os estados com alto Índice de Desenvolvimento Humano, superado apenas por Santa Catarina e pelo Distrito Federal.

Sampa é a cidade mais populosa do Brasil, cuja região metropolitana conta atualmente com 19 milhões de habitantes, segundo o último censo de 2007. É um verdadeiro exagero em todos os sentidos. Não só tem a maior população como também outras maiores “coisas”. É considerado o maior centro gastronômico do país, o maior centro cultural, tem o maior acervo museológico do país, conta com a maior diversidade de povos entre seus habitantes, tem o trânsito mais caótico da América Latina, é a cidade que mais alagamento tem, seu sistema de transporte está saturado, os índices de criminalidade, embora apresentem queda, ainda são destaque nos primeiros lugares de pesquisas etc.

Após esse brevíssimo panorama de São Paulo, apresento, para quem ainda não conhece, nossa militante com cerca de 2 anos de PPS e muitíssimo corajosa para se colocar como candidata a um cargo disputado por caciques do porte de Marta Suplicy e Geraldo Alckmin, ambos ancorados nos dois maiores partidos políticos da atualidade brasileira. PT e PSDB, respectivamente. Trata-se de Soninha Francine, uma mulher de 40 anos e mãe de três filhas. Divorciada e uma comunicadora de primeira linha. Foi produtora e apresentadora de programas de entrevistas e esportivos na TV Cultura, ESPN e MTV. Tem coluna no jornal Folha de S.Paulo e já foi comentarista da Globo/CBN. É formada em Cinema, mas como se vê, tem múltiplas funções.

Voltando ao “chove a cântaros”: com todo o pé-d’água da madrugada, pensei que nosso plano de acompanhar um dia de campanha tivesse ido para o bueiro. Mas que nada, depois de um pequeno susto de que estavam suspensas as atividades do dia, Helena Werneck e eu rumamos para o bairro das Perdizes, onde fica o apê da Soninha.

Às dez em ponto, conforme nova agenda, tocamos a campainha e fomos recebidas por simpáticos e efusivos cumprimentos da Soninha e escandalosos latidos de uma criaturinha indócil que atende por Dubi, um viralata muito lindo cuja identidade passa por um vestígio de Dálmata. Este, em pouco tempo, mostrou-se exibido, dócil, mas de pouco papo, digo, de pouco latido.

Soninha é uma figurinha muito bonita, muito simples, e simpática até não mais poder. Tem um sorriso fácil, expressões muito marcantes daquelas que um olhar diz o que pensa. Seus olhos sorriem ou fulminam com facilidade. Creio ser muito difícil ela ter que dissimular alguma coisa, sua expressão deve traí-la a todo momento. Em compensação, a transparência, que hoje vale moedas de ouro, pode enriquecê-la de glórias.

Seu apê é tão à vontade quanto ela. Está estampado na desarrumação arrumadíssima que encontramos. Ela é daquelas que, até no escuro, encontra o que procura, mas ninguém mais consegue esse feito... Cada cantinho tem uma curtição, uma mexida muito pessoal. Tudo muito colorido, muito alegre. Por ser budista, tem alguns altares(zinhos) espalhados, mas tem um grande e lindíssimo na parte de cima de seu duplex. Aliás, nessa parte de cima tem uma varanda gostosíssima, com muitas plantas e bandeirolas de significado budista também. Falei num duplex, mas entendam que é um pequeno duplex. Nada de ostentação nem luxo, tudo muito prático, bonito e simples.

Sentamo-nos, Helena e eu, num bonito e confortável sofá que tinha à frente uma grande TV ligada no futebol, claro, num jogo das Olimpíadas da China. Soninha pegou uma caneca, colocou alguma coisa que não sabemos o quê e, após nos oferecer café, sentou-se num banquinho alto, parte do balcão de sua cozinha americana.

Bem leve e bem humorado foi o bate-papo que levamos, enquanto aguardávamos a assessoria que nos levaria a uma feira-livre em Itaquera. Para quem tem idéia de Sampa, é na última estação do metrô da zona leste da cidade.

O papo fluiu como se fôssemos velhas conhecidas. A naturalidade de nossa candidata é contagiante. Não demonstrou nenhuma autocensura para se colocar politicamente. Falou com segurança sobre suas virtudes e também sobre suas fraquezas. O início da conversa foi sobre sua opção pela política, já que ficam em segundo plano todos os demais projetos de esporte e TV. Fez comentários sobre a Câmara de Vereadores que, a cada dia mais, a impulsionava para sair fora do jogo da política que chamou de “luta livre”, ou seja, pugilato de cartas marcadas – tudo sempre bem combinado para se tirar vantagens pessoais pouco importando os benefícios à comunidade.

Seu mandato
“Nesses três anos e meio como vereadora vi que não sabia nada sobre política. Só dando expediente na Câmara de Vereadores para saber. Eu pensava que sabia muito pois discutia com amigos, lia jornais e revistas, sempre muito curiosa e interessada nas questões públicas, mas em 8/9h no ‘chão-de-fábrica’, ‘na trincheira’, é que a gente aprende direitinho”. Antes de ser eleita, quando ainda era candidata, Soninha teve contato com um dos vereadores que estava em campanha pela reeleição.

Foi um contato de solidariedade por causa da doença da filha (leucemia) que surgira na última semana de campanha. Aquele contato fez Soninha ficar curiosa em conhecê-lo melhor. Foi dar uma espiada no site dele como vereador. “Embora fosse de um partido de direita gostei muito do que vi e do que li. Achei que ele era bom. Comentando com um amigo, ele disse: Tudo mentira! Não é nada disso! Ele defende publicamente coisas polêmicas porque sabe que nunca vai ser votado! Faz média com a população. Fim do recesso parlamentar em julho, por exemplo. Não passa nunca! Ele fica jogando para a platéia. É o personagem que ele assume para si no jogo que é a política municipal.”

Outro aspecto que Soninha chamou a atenção sobre a realidade com que se deparou no dia-a-dia como vereadora é que a atividade no plenário é a menos produtiva entre as tarefas da Câmara. Disse que tem vereadores gazeteiros e superativos, mas que fora do plenário se produz muito mais. O Colégio de Líderes resolve tudo e o plenário passa a ser apenas um palco. Por não aceitar esse teatro, começou o mandato num partido e terminou em outro.

“Eu não me conformava de meu partido estar completamente dentro do esquema, aceitando o teatro, a luta livre. Vivenciei discussões excelentes sobre alguns projetos com uma assessoria muito competente nas questões de mérito, mas não me habituei com as discussões políticas nas quais se optava por simples obstruções por questões eleitorais, por exemplo. Só pensam em eleições e não se os projetos são ou não bons para a comunidade. Eu me rebelava e a bancada olhava para mim como agente infiltrado da CIA. Criei um clima horroroso porque não seguia as determinações da bancada. Éramos três infelizes ali. Os demais...”.

“Nos quase quatro anos de Câmara, além de tudo o que gostava de estudar, fiz pós-graduação em cidade, em administração e política” ­­– disse nossa candidata, rindo.

A paixão pela política
Após ser indagada se continuava apaixonada pela política, Soninha disse que se divorciou e se apaixonou novamente. Disse que, a partir de 2006, gastou todas as suas energias. Estava disposta a sair do PT e a não se candidatar a mais nada. Ia continuar próxima da política e da administração pública, mas como funcionária. Não queria mais saber de vida partidária já que não conseguiria formar ou entrar num partido só com pessoas de quem gostasse.

“Mas acabei me reanimando, me reencantando, interessando-me pelo PPS. Pelo que ele disse e pelo que demonstrou ser. Na Câmara, tínhamos outros dois vereadores, mas antes mesmo de me formularem o convite para eu me filiar, o PPS já tinha comunicado a ambos que não teriam legenda para as próximas eleições. Que estavam livres para procurar outro partido. A Mirian Athyê foi para o PDT e o Edvaldo Estima disse que não iria mais se candidatar a nada, portanto, não sairia. O PPS correu o risco de não ter vereador nenhum, e preferiu não ter ninguém a manter os dois. Isso para mim foi incrível!”

“Ainda estava infeliz com a política quando fui convidada a participar de um encontro de jovens políticos na Argentina. Cheguei a pensar no quanto eu era idiota por ir para esse encontro em vez de descansar num feriado prolongado. Mas, enfim, lá estava eu e me encontrei entre jovens de vários países discutindo temas importantíssimos, com muita propriedade e seriedade. Voltei de lá oxigenada com a política.”

“Me animei com o PPS para participar da construção do partido e não para sair candidata a vereadora. Deixei isso bem claro aos dirigentes e eles disseram que me queriam assim mesmo. Que era importante minha facilidade de comunicação com os jovens”.

Soninha não só não queria ser candidata a vereadora como também não quer saber de se candidatar a deputada federal em 2010. Não tem planos para isso. Os planos dela passam mais pela candidatura majoritária à prefeitura novamente em 2012. Mas, diz que até lá tem muito chão pela frente e tarefas partidárias também.

Preparo para os debates
Soninha disse que vem se preparando há dez anos para debates políticos. Além de ter tido boa escolaridade, sempre foi beneficiada por sua curiosidade e boa memória. “Durante um tempão, fui mediadora de debates semanais e até mesmo diários. Por isso, precisava estudar muito. A gente passava uma semana estudando temas para chamar um debate. Fui diretora e depois apresentadora do ‘Barraco’, na MTV, com debate semanal. Na TV Cultura, tínhamos um programa com 5 debates semanais. Então, a vida era estudar!"

Mas, ela está ciente de suas limitações e quando precisa de ajuda, encaminha as questões para o núcleo de campanha do partido que repassa aos especialistas. Seu maior problema é resumir, por exemplo a questão do solo de São Paulo, em cinco linhas ou em 1 minuto e meio. Diz com propriedade que, às vezes, as pessoas não entendem o que ela quer propor, mas quando dão tempo para explicações as coisas ficam mais claras.

Sair em campanha
“Nem sempre estou superanimada para sair em campanha, mas geralmente volto melhor do que fui. A atividade em si me anima muito. Gosto de discutir com as pessoas, não me importo em me expor. Mas fico possessa com notícias injustas”. Aliás, diz que a filha Raquel, a mais velha e mais politizada, também fica furiosa e discute até em nome da mãe, se preciso.

“O que me impulsiona a sair em campanha novamente é a certeza do propósito. Uma campanha a vereadora é muito injusta. Temos mil candidatos, quem tem mandato já tem alguma visibilidade e uma série de meios (lícitos ou não) para levar a candidatura adiante”. “As pessoas não sabem o que é vereador e para o que serve, têm expectativa completamente irreal do que os vereadores devem fazer por ela. Fazem pedidos imediatos e a longo prazo que os vereadores não têm condições ou não deveriam atender, mas muitos se dispõem a isso. Prometem de 10 sacos de cimento a viagens à Lua”.

“Então, a campanha para vereador é esse sofrimento: você não sabe se será eleito e ainda não pode prometer o impossível mediante a falta de conhecimento das possibilidades de um vereador”.

“A campanha à Câmara Federal, em 2006, foi pior ainda. Eu não queria sair candidata e muito menos pelo PT com o qual eu já estava em litígio, completamente descrente da política deles. Tomava um “cacete” nas ruas por ser do PT: vagabunda, mensaleira, safada: como posso confiar em você se continua no PT?, e por aí vai... E dentro do partido era chamada de “traíra” e cobrada porque tinha pouca estrela no meu material”.

“São dois momentos diferentes de campanha. Agora, é supercansativo. Às vezes, a gente bate pino, não consegue raciocinar, mas o propósito é que me estimula. Quero ser prefeita!”

O poder
“Não tenho problema algum com o poder. Eu quero ter poder! Se vier concedido, atribuído, conquistado... serei prefeita dos que votaram e dos que não votaram em mim. O problema que vejo é a expectativa que as pessoas colocam em você por coisas que você não pode proporcionar por um milhão de motivos. Ou seja, o problema é a impotência. Me deprime, me enfurece, me tira o sono não conseguir construir, mudar, fazer nada após tentar persuadir, espernear”.

Soninha nos empolgou, a mim e a Helena, quando disse que aprendeu na Câmara Municipal “quantas vezes é melhor abrir mão do poder quando ter o poder significa abrir mão dos princípios, quando para você conseguir interferir em algo precisa fazer tantas concessões, tantos acordos e falcatruas que é melhor você ser fraca, menos potente. Foi o que descobri, o que aprendi: o valor de perder – ter orgulho de minhas derrotas, como alguém me disse uma vez a fala de Darcy Ribeiro: ‘minhas derrotas são minha grande vitória’.

Essa hora merece registro. A Helena pulou de satisfação. Fui eu! Fui eu que lhe falei esta frase. O texto completo é: “Tentei salvar os índios, não consegui. / Tentei levar educação a todos, não consegui. / Mas as minhas derrotas são minha grande vitória. / Detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

E Soninha continuou – “Para mim virou slogan, está na minha camiseta. Na Câmara Municipal pensava assim: posso perder nove vezes, mas a 10ª eu ganho e essa vitória significa mais do que todas as aulas que dei, todos os debates que participei... e depois percebi que às vezes essa 10ª vitória significava perder tanto que resolvi que podia perder TODAS. Vou perder todas, mas não vou fazer palhaçada, não vou fazer rolo, não vou fazer acordos em torno do que não acredito. Cheguei à conclusão que tenho o poder de abrir mão do poder.”

“Penso que, às vezes, o melhor que você faz pela sociedade é registrar no painel um único voto NÃO contra toda a Casa e lhe perguntarem: por que você fez isso, boba? O que você ganha com isso? E eu responder: Nada! Não estou aqui para ganhar.”

Noção da diferença
Helena e eu estávamos curiosas para saber se Soninha tinha noção do quanto, na prática, ela se diferenciava dos demais políticos. Queríamos saber se era uma “falsa modesta”, e ela nos surpreendeu mais uma vez!: “Tenho noção sim! Mas, na verdade, o que acho esquisito é as pessoas acharem que sou diferente só para contrariar, que eu acho que ser diferente é minha máscara, meu personagem no palco da Câmara. Não, não é personagem, afirmo! Adoraria ter mais 15 colegas iguais. Mas, se não os tenho...

Ser mulher na fogueira de vaidades
“Em algumas situações, você tem que provar que é melhor. Se, numa sessão da Câmara, um homem entra mudo e sai calado, ninguém vai dizer que ele não entende nada do assunto, nada significa, passa batido. Mas uma mulher que não se manifesta é porque não “manja” nada. Mas, o fato de você ser ou não mulher, discutir ou não um determinado assunto não terá a menor importância se você jogar o jogo, se você fizer os acordos que querem, as concessões que esperam que você faça. Se fizer a política de reciprocidade: eu lhe ajudo aqui e você me apoia ali; eu lhe dou uma força agora, e mais tarde você me paga, logo logo essa questão de gênero torna-se irrelevante”.

“Agora... se você não joga o jogo, se bate de frente, se é diferente, se questiona muito, aí o fato de ser mulher dá munição extra: está nervosinha?; é mal amada?; está de caso com fulano?; e todo o repertório de baixarias e ataques que bem conhecemos”.

“Normalmente, estou preparada, armada com um escudo protetor, mas às vezes me escapa. Se me pegam desprevenida numa dessas eu saio do sério, fico furiosa, choro de raiva! Há pouco, abriram a porteira para jogar pesado: um colega subiu na tribuna para dizer que como alfafa, sirvo alfafa para minhas filhas, que cheiro alfafa. Que candidata a prefeita tem que ter propostas e não fumar maconha e por aí escancarou as baixarias... Nessa eu já estava preparada e não me abalou.

Também tem mulher que usa o fato de ser mulher como muleta, vi muito disso com coitadinha de mim, vejam bem, sou apenas uma mulher no meio de vocês etc. Isso é péssimo”.

“No corpo-a-corpo da rua, as mulheres levam vantagem, os homens são até injustiçados. É comum dizerem que as mulheres podem fazer uma política menos troglodita. O que é injusto, lógico. Tem muita mulher que faz política pior do que um homem. Eu particularmente sinto a simpatia de ser mulher. Também entre as mulheres, sinto mais simpatia, mas quando surge a repulsa ela também é maior. A cara de nojo da mulher para a mulher é mais feia. A eleitora é mais autêntica, o homem é mais dissimulado.

A ”coisa” da maconha continua a aparecer e é de se esperar. Nada está resolvido em relação à descriminalização da maconha e eu a defendo abertamente, como defendo a descriminalização do aborto. Procuro discutir a descriminalização de ambos, sem escândalo, com seriedade.

Normalmente não trato de temas polêmicos ou que não fazem parte da administração pública, mas se me perguntarem, não fujo de jeito nenhum. Não vou mudar de opinião porque posso perder voto. Se tiver que perder, eu perco, mas o país precisa discutir maconha e aborto, e fim!”

A feira livre
Foi muito interessante. Para mim particularmente porque não passeava por uma delas, há vinte anos. Ufa! Quanto tempo! Em Brasília não temos feiras livre. Tinha uma vontade grande de comer de tudo, de frutas a verduras, incluindo cheiro-verde. Uma festa! E com a presença da militância do partido em São Paulo, mais festiva ainda. O nosso candidato a vereador em Itaquera é quem acompanhou a Soninha e lhe deu sustentação. É um médico muito conhecido e grande liderança no bairro. Ainda não conseguiu um mandato, mas a cada candidatura ganha mais votos. É um nome muito forte apesar de ser um reduto petista. Agora, a experiência para mim foi bárbara. Já sei como fazer panfletagem e campanha no meio do povo.

Determinada hora nos encontramos com a caravana do partido no início da feira da Avenida Nordestina. Os militantes já estavam esperando a Soninha com “armas e bagagens”, ou seja, carro de som com o jingle do candidato a vereador numa altura bem razoável, mas numa repetição infernal; panfletos frente Soninha e verso vereador; fotógrafo; cinegrafista; carregador de cartazes; e vários de nós, militantes comuns, que iam à frente avisando que a Soninha e o “doutor” Waldir, dentro em pouco, estariam ali na barraca. Quando chegavam, em cada barraca era um acontecimento! Abraços daqui, abraços dali; fortes apertos de mão, outros nem tão fortes; palavras de incentivo; gritos de vitória; olhares esquisitos; sorrisos amigos, outros nem tanto; e rejeição também, ora se não! Uma vez ou outra, ouvíamos um desagradável: esses nunca fazem nada, mas na hora de pedir voto... ou então não pegavam o panfleto e faziam cara de quem-comeu-e-não-gostou. Segundo a Soninha, ali o Waldir era “o cara”, ele é quem fez mais sucesso ela foi na onda dele. Acha que não conseguiu muito voto por ali, não.

Do que gostei para valer foram algumas mulheres que fazem parte da equipe do “doutor” Waldir. São lideranças do bairro que trabalham com ele desde a campanha passada. São mulheres entusiamadas com a candidatura dele e, por tabela, com a da Soninha, porque ele costuma dar assistência ao trabalho social que elas desenvolvem. Uma delas, de nome Isa, é um verdadeiro trator. Conhecia todo mundo e fazia às vezes de “dona da casa”, chamando os barraqueiros pelo nome, apresentando os candidatos e fazendo a maior zorra. Ela sozinha era uma banda de música. Temos várias fotos dela. Sua marca é um turbante afro (disse que tem de todas as cores, menos vermelho, que está reservando para a posse do “doutor”) e um casacão dos mais elegantes. Aliás, estava na maior estica. Vejam as fotos.

Bom, acabamos, Helena e eu, essa missão por aqui. As atividades restantes eram um misto de campanha e pessoal que valia a pena dar sossego à nossa candidata. Eu fiquei muito feliz pensando que podemos ter muitas Soninhas se elegendo vereadora pelo país afora. Acho que no nosso PPS temos muitas mulheres que estão se descobrindo como agentes da política do bem e que podemos ajudar a mudar o curso da política partidária e a gestão municipal.

Quero finalizar agradecendo o apoio, a companhia e a decisiva colaboração da Helena Werneck, nossa companheira da Executiva Nacional de Mulheres do PPS, aos assessores da Soninha que nos acompanharam todo o tempo, e ao pessoal de Sampa que nos acolheu com muita fraternidade. Nosso abraço especial vai para Soninha, claro, desejando todo o êxito possível nessa corajosa jornada, e encerro de verdade com alguns versos da poeta Elisa Lucinda:

"Dirão: É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desdeo primeiro homem que veio de Portugal.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dá para mudar o final!"

Tereza Vitale
Coordenação Nacional de Mulheres do PPS

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