sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Por uma cidadania de primeira classe

Prioridade máxima: MULHERES EM FAIXA DE RISCO

Os dados do censo de 2000 mostram o quadro de riscos sociais a que as mulheres estão submetidas seja, pela precariedade: das instituições responsáveis pelo acesso da mulher às instituições democráticas; pela estrutura precária de oportunidades de trabalho que a sociedade oferece, seja pelo cotidiano de violência que vive nas grandes metrópoles do país. Ícones de uma situação de perversidade são elas que têm que enfrentar a frustração de seus familiares em todas as dimensões do social: nos campos do mundo do trabalho, da violência social cotidiana, da saúde, da educação, da justiça e outros. Na prática, as mulheres absorvem, incorporam na dimensão privada os efeitos da instabilidade social, aderem à sua biografia familiar o enfrentamento dos riscos sociais já que se sentem culturalmente responsáveis pelos membros de seu grupo. Em faixa de risco as mulheres cuidam dos doentes da família, fazem múltiplas jornadas de trabalho, absorvem a culpa dos parentes, e assumem a responsabilidade do domicílio de famílias de certa forma numerosas, com todo o peso institucional que essa chefia comporta1, quando não são empurradas para o mundo do crime diante da falta de alternativas de inserção formal na sociedade. As cidades desumanizadas não amparam as mulheres, ampliam, isso sim, sua faixa de risco

Em 2000, o Censo Demográfico verificou que 24,9% (11.160.635) dos domicílios tinham mulheres como responsáveis, sendo que 20,5% (2.300.000 em números absolutos ) do universo de mulheres responsáveis pelos domicílios são analfabetas.

No Estado do Rio de Janeiro, do total de 11.974872 pessoas responsáveis 6.302.484 são mulheres e dessas 421.394 são analfabetas. Diga-se: incluem-se no número de mulheres alfabetizadas aquelas que apenas assinam seu nome o que torna pouco significativo o universo de 5.881090 mulheres alfabetizadas registradas no Censo de 2.000. Esse censo também registrou 21.341 mulheres sem rendimento algum. Na verdade, a maioria das mulheres enfrenta a sociedade na sua face precária, incorporam na prática, a questão social na sua dimensão perversa de violência no dia-a-dia de suas vidas.

Punida socialmente, vê seus maridos e filhos caírem na marginalidade social, impossibilitadas de atuarem como neutralizadoras do processo.

Mas, a luta pela emancipação da mulher vem ganhando força na medida em que elas em processo de organização reagem e consolidam direitos.

O PPS julga que é preciso centrar a luta em defesa das mulheres brasileiras na direção da ultrapassagem dessa FAIXA DE RISCO, julgando ser necessário lutar a curto, médio e longo prazo pela internalização de uma subjetividade democrática responsável futura por processos reivindicatórios que garantam para elas e seus descendentes um futuro de qualidade no qual estejam implícitos seus direitos políticos, civis e sociais. O PPS julga importante consolidar políticas estruturantes e contínuas em campos essenciais de construção da cidadania: trabalho, educação, saúde, justiça, lazer etc. etc.

Documento das mulheres do PPS/RJ
(Participação da Abigail Paschoa e Cléia Schiavo)

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