terça-feira, 29 de julho de 2008

Mulher na Política


A luta das mulheres do PCB/PPS vem de longa data. Bravas comunistas são reverenciadas por sua participação em todos os momentos críticos do país. Tomaram a frente em inúmeras campanhas pela paz e pela igualdade. Em 1979, Zuleika Alambert, então chegada da Europa, tendo participado dos movimentos de mulheres que estavam surgindo em várias partes do mundo, escreveu a primeira feminista para um partido político brasileiro. Esse partido é o PCB.

Em 1998, as feministas conseguiram aprovar a lei das cotas por sexo nos estatutos partidários do PPS, e em 2000 criaram o Grupo de Assessoria Feminista. Este, um grupo temático inicialmente criado para subsidiar parlamentares e assessorá-los sobre as questões feministas, hoje tem sua atuação ampliada.

Em 2003, nova batalha surgiu no PPS, desta vez para a criação de um organismo que pudesse mapear as mulheres filiadas ao partido, as líderes partidárias e comunitárias escondidas em seus municípios. Um organismo que se preocupasse em fortalecer as filiadas para que ocupassem os cargos oferecidos pelas cotas com competência, desenvoltura e poder de disputa real.

Em março de 2004, foi criada a Coordenação Nacional de Mulheres do PPS, por ocasião do XIV Congresso Nacional do Partido, em São Paulo.

O que se pretende com a Coordenação Nacional de Mulheres do PPS é, dentro do partido, estimular as filiadas a participarem das discussões partidárias, estimular as companheiras a ocuparem cargos de direção e na sociedade, incentivar candidaturas ao Legislativo e ao Executivo. Levar para a sociedade um recado mostrando boa organização pelo fortalecimento das mulheres para enfrentar esse que ainda é um dos espaços mais inacessíveis às mulheres – o espaço da política, reduto dominado plenamente pelos homens.

As mulheres querem disputar o poder em pé de igualdade com os homens e fazer uso da lei das cotas como um instrumento provisório de inserção das mulheres no poder. As cotas por sua natureza são provisórias e precisam vir acompanhadas de políticas que garantam à mulher real acesso ao poder.

As cotas não irão mudar as relações de poder a curto prazo, mas representam alteração da composição dos órgãos diretivos; traz novas idéias para o debate; e propicia uma nova forma de aprendizagem do exercício do poder. Aguçam a participação feminina e tornam as mulheres mais visíveis no cotidiano com a integração na vida política.

É necessário que as mulheres cada vez mais se unam para transformar a sociedade no enfrentamento dos preconceitos e estereótipos, eliminando desigualdades históricas, questionando práticas nas relações sociais, na política, na gestão da coisa pública. Despertar a sociedade para a necessidade de mudanças, de implementação de políticas que superem as fragilidades da cidadania feminina, resultante de tanta desigualdade.

Historicamente as mulheres são oprimidas, discriminadas, e se for pobre, negra e mal informadas, aí é que terá mais dificuldades a superar. Mas toda e qualquer forma de opressão pode ser enfrentada com fortalecimento, com autoconfiança, pela auto-estima. E o fortalecimento intelectual nos dá tudo isso. As mulheres ficam poderosas quando podem ser rápidas para elaborar seus pensamentos tanto quanto seus opressores.

Lendo, estudando, discutindo a prática política, vão criando anticorpos e criando coragem para enfrentar a timidez e o medo de platéias, das discussões, dos comícios etc.

Se as mulheres estiverem representadas nos parlamentos será bem mais fácil e mais rápido. As mulheres estão se candidatando cada vez mais, mas é muito pouco ainda. E o número das eleitas é ainda menor. As campanhas são complicadas: os recursos financeiros escassos, a articulação e apoio políticos deficientes, a dificuldade para dedicação exclusiva e integral quase impossível de ser resolvida. Mas é necessário ser criativas e não esmorecer na luta.

E o partido tem obrigação de fazer sua parte. As filiadas e militantes têm obrigação de ficar atentas e cobrar o que é de direito das mulheres por lei e por conquistas. Não podem baixar a guarda! Precisam batalhar, negociar, mas não se deixar levar como massa de manobras de campanhas que não incluam a plataforma política das mulheres em seus programas.

Além de toda a agenda política relativa à economia, a reformas política, previdenciária etc. a luta da Coordenação Nacional de Mulheres do PPS deve centrar-se nos problemas enfrentados pelas mulheres nas diferentes regiões brasileiras. Na agenda política das militantes, na agenda do PPS, deve entrar a plataforma política específica das mulheres do PPS. Deve haver um esforço na luta pela autonomia, igualdade, educação inclusiva e não-sexista, pela saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos, pelo enfrentamento à violência contra as mulheres.

As mulheres filiadas não podem se deixar usar, devem exigir formação política, exigir conscientização da militância, exigir organização das coordenações, organização de seminários, exigir produção de subsídios, exigir fortalecimento e incentivo da participação das filiadas em pleitos eleitorais em todos os níveis.

Devem cobrar, no mínimo, os 30% da cota de sexo nas direções. Se não tiver mulher suficiente que deixem o espaço vazio assim como dita a legislação eleitoral. Isso forçará que a Direção perceba a falta de trabalho específico de inserção das mulheres nos cargos de poder partidário.

Para se fazer política partidária deve-se entender claramente que a exigência de uma militante dirigente é mais ouvida do que a de uma militante sem cargo de direção. Se necessário, que se lancem mão das cotas para abrir caminhos, por que não fazê-lo? Mas sempre atenta, se superando, competindo em igualdade, crescendo... crescendo...